Escolas estaduais: Militarização X Emancipação

O governo federal lançou em setembro, deste ano, o Programa Nacional das Escolas Cívico-Militares. O SINTE-SC se opõe ao projeto, pois acreditamos que o caminho é o de investimento e emancipação da educação catarinense. O Governo Federal juntamente com o Governo de Santa Catarina vem prometendo verbas para as escolas que aderirem ao programa, verbas estas que deveriam ser aplicadas em melhorias na infraestrutura das escolas estaduais, garantindo de fato condições plenas para um trabalho de qualidade.

Para justificar a militarização das escolas brasileiras, o governo Bolsonaro se apoia em dados do Enem, para afirmar que as escolas cívico-militares aprovam mais do que as escolas regulares da educação básica e que, por este motivo, seria um modelo escolar melhor para a sociedade brasileira. Porém, o investimento em escolas militares é três vezes maior do que uma escola pública regular. Enquanto o investimento médio da cívico-militar gira em torno de R$19.000,00 por aluno ao ano, o de uma escola pública fica em torno de R$ 6.000,00 por aluno ao ano, fato que reflete diretamente na qualidade ofertada nas escolas.

Esse argumento do governo é derrubado quando comparamos os institutos federais com as escolas militares – que apresentam investimento um pouco inferior às militares, mas superior às públicas municipais e estaduais, girando em torno de R$ 16 mil reais por aluno ao ano. Os institutos federais comparados aos demais modelos, superam seus desempenhos, colocando-se entre as melhores escolas no ranking nacional do Enem.

Imagine se em vez de colocar 16 policiais em uma escola, o governo investisse em psicólogos, mais professores dentro de sala de aula? A questão fundamental neste sentido, não é de modelo pedagógico, e sim de investimento nas escolas públicas estaduais e municipais, inclusive valorizando os(as) professores(as). Tanto nos institutos federais, quanto nas escolas militares, os(as) profissionais têm melhores salários, menos tempo em sala com alunos, mais tempo pra preparar aulas e pesquisas, além de melhor infraestrutura, como laboratórios, tecnologia, quadros técnicos e pedagógicos.

A comunidade escolar catarinense e a categoria do magistério têm que defender a educação, nos cabe, portanto, expor e desconstruir a concepção de que escola militar é garantia de qualidade. O imaginário coletivo diz que escolas militares são melhores, esse fato não tem respaldo na realidade, disciplina rígida, não é garantia de respeito e nem garante qualquer tipo de segurança. O SINTE-SC acredita que a escola também é um espaço para formar o pensamento crítico, formar um indivíduo capaz de pensar, não de apenas obedecer de forma submissa.

Fonte: www.sinte-sc.org.br